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INTRODUÇÃO
A acalásia é a dismotilidade esofágica mais frequente, com uma incidência de 0,5 a 1 por 100.000 1 2; caracteriza-se por uma ausência do relaxamento do esfíncter esofágico inferior (EEI) aquando da deglutição e alteração da peristalse ou mesmo por aperistalse esofágicas. A acalásia resulta da lesão dos neurónios intramusculares. A causa da degeneração dos gânglios neuronais ou da desnervação é desconhecida embora pareçam estar implicados factores autoimunes e / ou virusais 3 4 5. Esta entidade nosológica é caracterizada por um quadro clínico integrando uma disfagia funcional, regurgitação, dor retroesternal tipo queimadura, dor retroesternal pós-prandial, malnutrição e aspiração de alimentos associado a pneumopatias de repetição. No seu conjunto este quadro clínico caraceteriza-se por uma má qualidade de vida dos doentes.
Ainda hoje o tratamento da acalásia tem como objectivo tratar os sintomas, não solucionando as alterações neuropatológicas subjacentes às alterações do peristaltismo e a ausência de relaxamento do EEI. Várias opções não cirúrgicas têm sido preconizadas: dilatação endoscópica do EEI ou injecção de tóxina botulinica no EEI, assim como a utlização de nitratos ou de inibidores da bomba de cálcio.
Heller propôs em 1913 a cardiomiotomia anterior e posterior por via torácica para tratamento do cardioespasmo crónico associado à acalásia 6. Este foi posteriormente modificado por Zaaijer, em 1923, que propôs a realização apenas da cardiomiotomia anterior 7. O aparecimento de refluxo gastroesofágico (RGE) em cerca de 60% dos doentes submetidos à cardiomiotomia de Heller levou à realização de uma manobra antirefluxo 8. Outras modificações foram realizadas e desde os anos 1990, com o advento da abordagem laparoscópica, o tratamento cirúrgico da acalásia tem sido enfantizado porque se associa a menor dor pós-operatória, diminuição do tempo de internamento e de complicações parietais. Por outro lado se a eficácia terapêutica (média±DP) no caso da dilatação pneumática varia de 72% ± 26% e da injecção da toxina botulinica de 32% ± 19% 9 10; na miotomia cirúrgica a eficácia é superior a 90% no alívio da sintomatologia associada á acalásia 9 10. Por outro lado o impacto dos tratamentos endoscópicos no sucesso do tratamento cirúrgico é controverso 11 12.
O objectivo deste estudo é divulgar a nossa experiência no tratamento cirúrgico por via laparoscópica da acalásia.